RELATÓRIO DO II SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE REPARAÇÃO NO FSM 10 ANOS
DATA: 28 DE JANEIRO,
HORA: 19 HORAS
REALIZAÇÃO: MOVIMENTO NEGRO UNIFICADO- RS E COMITÊ AFRICANO
DO FSM
EIXOS TEMÁTICOS:
1 - REPARACÃO
2 - LUTA CONTRA A DISCRIMINACÃO RACIAL, O PRECONCEITO, A INTOLERANCIA E XENOFOBIA
3 - A CONSTRUÇÃO DA INFLUÊNCIA POLÍTICA DOS AFRICANOS(AS) E BRASILEIROS(AS) NOS SEUS RESPECTIVOS ESTADOS, GOVERNOS E SOCIEDADES
4 - A VISIBILIDADE DOS AFRICANOS E AFRO BRASILEIROS NAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
APOIO: CEDRAB, CODENE, CONAQ, FEDERAÇÃO DAS COMUNIDADES REMANESCENTES DE QUILOMBO, SINDISPREV-RS, SINDISERF, PREFEITURAS: PORTO ALEGRE, CAXIAS DO SUL, SÃO LEOPOLDO E ALVORADA.
Em mesa que teve como coordenadora a Sr. Nilza Iraci, representante da Rede de Mujeres Latino americanas e Caribenhas na Diáspora foi composta por Leni Claudino de Souza, MNU-RJ, Sr. Emir Silva, MNU-RS, integrantes da Comissão. Sra. Nilza Iraci, Sr. Taoufik Abdallah, do Senegal, Coordenador do Comitê africano. Sr. Demba, Ministro do Senegal na Diáspora, com tradução da Srta. Inês, da Bélgica.
Sr. Emir inicia saudando os 150 presentes, explica sobre a formação da pareceria MNU e Comitê Africano. A seguir passa a palavra ao Sr. Demba:
Boa noite caros irmãos afro brasileiros, é um prazer estar em uma apresentação na questão de reparação entre a Diáspora Africana que mobiliza não só uma Nação, mas um Continente inteiro.
Houve uma comissão, fundada por um nigeriano que morreu, há um ano, e que luta por mobilização de africanos e demais entidades e países que lutam por reparações. Este tema é justificado do ponto de vista oficial e é polêmico. Pedimos reparação da dor e dos crimes cometidos contra os africanos. Nenhuma quantia em dinheiro irá reparar o crime cometido principalmente contra as crianças de África e da Diápora. Nada repara a discriminação, destruição e dor. Uso e abuso de pessoas da Diáspora que vivem uma situação de desalento cuja condição em que vivem é resultado dos crime da opressão e violência ocidental. Também do atraso econônico do Continente Africano. Os crimes cometidos pelos europeus exigem reparação. A boa situação econômica do Brasil é devido a contribuição dos africanos. Falando em política, o problema de reparação é devido à dívida aos afro brasileiros pela contribuição considerável à construção do País.
A legitimação da robotização e a globalização acontecida traz a exigência da reparação. Precisamos ver quais os efeitos políticos que haverão neste campo. Ver o que há de união para que haja aceitação da reparação legítima e porque razão é necessário conceder. E necessário a união das Organizações Nacionais.
Em África as ações dos governantes foram para salvar a elite.
As Organizações se apropriaram do pedido de reparação, o que também deve acontecer aos brasileiros.
Fórum Social Mundial África e Fórum Social Mundial Brasil devem fazer uma ação no plano internacional, que será difícil, mas é legítima.
No próximo ano, o FSM Dackar, deve tocar no ponto de reparação e o Comitê Afro brasileiro deve ter uma ação de mobilização igual a que desde Genebra se teve. Devemos conquistar a opinião pública para que o Continente Africano e as autoridades brasileiras entendam a grande importância da união do Comitê Africano e Brasileiro . O movimento não é fácil, mas tem grande apoio do Continente Africano.
A reivindicação que legitima o Comitê de Reparação é que este debate seja prioridade no FSM 2011. Eu e o Sr. Taoufik, debateremos com muita força sobre racismo e reparação, a partir da luta e resistência contra o capitalismo mundial, questão muito importante, com o apoio do Comitê Social Africano. Reparação é questão que vai contra o capitalismo mundial. É preciso firmeza nesta luta. Agradeço por estar aqui.
Leni Claudino de Souza fala sobre o que os negros vivem sofrendo com a discriminação no dia a dia.
Vivemos sofrendo um processo de discriminação muito árduo, enquanto o governo do Brasil envia soldados, e não é disto que o Haiti precisa, e sim, de tecnologia.
No Brasil há falta de educação pública, saúde pública, as pessoas estão perdendo as casas nos alagamentos e não tem ações contundentes e resolutivas do Governo.
Houve um retrocesso nas cotas. Retrocesso no Estatuto da Igualdade Racial. O Congresso de Negras e Negros do Brasil, pautou reparações. Temos os negros nas estruturas de governo que ajudam a fazer o povo sofrido a perder as conquistas, cooptados que são pelo poder, com empregos e cargos.
A construção deste Comitê foi uma luta árdua no FSM de Belém do Pará.
Está feliz e o Sindisprev-RS também, porque o povo negro veio a esta oficina debater reparações.
Os quilombolas estão sendo prejudicados, onde um Ministro negro diz ao Quilombo Marambaia que lá não é um Quilombo. É triste.
É preciso fazer uma denúncia aos outros Países, da discriminação no Brasil.
Taoufik Abdallah – Há uma dificuldade a ser superada. Parabeniza Emir e as pessoas que auxiliaram na construção deste processo que vai até Dackar em 2011.
Pergunta-se como elaborar um documento comum, respeitando a cultura e que seja durável, sobre reparações.
O Brasil é África. Os governantes têm que definir a política africana do Brasil. O que é extremamente difícil.
É necessário fazer em conjunto esta formação de montagem do trabalho conjunto com a África. O Brasil não deve avançar menosprezando o trabalho e cooperação africana.
Aos meus irmão do Brasil e Nigéria, pelos séculos o Brasil partiu por toda África a trazer seu povo. A relação brasileira e africana deve ser uma relação duradoura e fraternal e não só econômica.
O Brasil é encarado como um País de esperança para o Continente Africano. Brasil e África são considerados dois grandes mercados. É necessário desconstruir esta relação mercantilista.
Vou definir a questão de distância e que na composição dos afro descendentes é importante, muito importante por viverem na exclusão, miséria e segregação.
A questão da identidade afro dos brasileiros com África representa a esperança de África poder continuar no seu desenvolvimento.
A questão da identidade, se África continua marginalizada. O Brasil é referência de identidade, o que faz possível a saída da situação em que África está.
O FSM de Dackar trará para os espaços a vizibilidade desta luta que será a público vista por autoridades do Governo que fazem valer a importància destas reivindicações. As reivindicações tem que ser cada vez mais fortes.
O Fórum que vai acontecer em África é de grande importância para trazer realizações.
O FSM de Belém do Pará fez uma agenda em comum que força a visibilidade da agenda em Dackar.
Esta agenda deve incluir todas as proporções do Fórum, e não só problemas pontuais. Por trazer a visibilidade é um forte espaço de luta contra a discriminação , e todos os outros assuntos do mundo como economia e cultura, todos serão debatidos para criar esta política internacional.
Fica contente por ver o poder da comunidade brasileira de fazer uma atividade que vai ajudar a tornar possível uma coalisão que faça pressão com movimentos e ações que sejam possíveis antes do FSM de Dackar.
Queria anunciar a criação de um Comitê que conte com 5 brasileiros e 7 africanos. Este comitê irá fazer um Seminário preparatório para o FSM de Dackar. Deverá ser aberto aos afrodescendentes da América Latina, Caraíbas e Estados Unidos.
Queríamos que uma pessoa do Comitê brasileiro, participe de forma premanente no Comitê Africano. Consideramos que esta região da Diáspora é importante e que esta participante seja uma mulher. Devemos construir um Comitê forte, durável e permanente.
Depois de Dackar o FSM vai demorar a voltar à África, portanto agora é a hora de juntarmos forças para no Fórum de Dackar instituir sua visão e criar a representação Sul-Sul. Dackar é onde pode-se dizer que será a concretização da união. Lá os brasileiros serão bem recebidos, estarão em casa.
Nilza Iraci, fala da dificuldade de conseguir que o FSM de Dackar fosse para a África por acharem que eles não seriam capazer de organizar. Acha importante este comitê de reparações com 5 brasileiros e 7 africanos, e que propõe um brasileiro para compor em caráter permanente o Comitê Africano e fazer um Seminário para podermos propor como fazer a mobilização.
Marta Almeida Filha da Coordenação do MNU-PE fala da importância desta luta conjunta por reparaçoes e da necessidade cada vez maior e urgente das reparações na Diáspora.
Jorge Cruz, MNU-Viamão-RS, fala da alegria de ver o povo reunido para discutir reparação e sobre o sincretismo religioso e Religiões de Matriz Africana. Exige reparação de fato.
Mestre Brasil, Coordenador da Ciracial, Caxias do Sul,
MNU- RS, Fala da exclusão e da miséria como é vista a África. As lutas e guerras que tem atrapalhado o avanço. Pergunta qual a forma de aproximação, união interna do povo africano quanto às políticas afirmativas.
Juarez do RJ relata sobre o Fórum Nacional de Juventude Negra.
Vanda Pinedo, Florianópolis, SC, Coordenadora Geral do MNU, Pergunta qual a conjuntura atual em África e Diáspora e como veem a consolidação desta luta. Como fazer as políticas para a população negra e políticas de reparação que dêem conta das necessidades em África e Diáspora.
Sr. Demba diz que reparação é questão de tempo e África e Diáspora passam por um processo.
Muito obrigado pelo interesse, temos estas preocupações bem presentes e queremos ver um fim no rigor do afastamento internacional. Na Ásia há povos indígenas que reivindicam reparações pela opressão sofrida, e não só aqui e em África temos que nos unir todos os povos. Em Genebra foi considerada crime contra a humanidade a opressão moral e política.
A Conferência de 2001 em Durban e 2009 em Genebra, considerou o racismo como um crime de lesa humanidade. O problema é político e de educação.
Para o povo do Brasil e África é necessário uma união para reparar a exploração capitalista e contar a história verdadeira, e não a que está nos livros anteriores.
Taoufik Abdallah - É preciso um trabalho e prática de governo para combater o racismo e proporcionar as reparações. É necessário uma união e boa vontade para concluir este processo que tem que ser durável .
Para a reparação o ponto internacional vai para Dackar, mas o nosso trabalho não pode parar. Devemos utilizar Dackar para o mundo ver o nosso trabalho.
Agradece a oportunidade e convida para sermos ativos participantes do processo de Dackar.
Emir Silva fala da constituição do Grupo de Trabalho.
Hoje teve um debate internacional que abordou o trabalho que devemos fazer quanto ao contexto internacional. O FSM tem uma relação com governos, que financiaram o Fórum, mas em nenhum momento o Movimento Social perdeu a liderança do Fórum.
Devemos colocar a reparação como ponto principal. Ampliar o diálogo de reparação com outros povos, sem correr o risco de perder o rumo político. Convoca a todos para fazerem parte desta construção.
Nilza Iraci – Enquanto Organização representa a Rede de Mujeres Latino americanas e Caribenhas na Diáspora, porque não pode ter Entidades Nacionais. Só Internacionais. Coloca-se à disposição para fazer esta ponte e que Emir vai encaminhar. Agradece à Comissão Organizadora pelo convite para coordenar a mesa.
Leni – Agradece e fala sobre a epidemia do Crack. Solicita que Mãe Norinha dê uma bênção e anuncia os apoiadores, no início nominados.
Breve relatoria feita por
Maria Geneci Silveira
Coord. Est. Comunicação
MNU-RS
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