16/08/2010

O Censo 2010 e a População Negra

Como no último censo onde o quesito cor foi utilizado, o Censo 2010 não avança muito com relação à população negra. Realizamos naquele censo a campanha Não Deixe Sua Cor Passar em Branco (1991). Alegávamos que se o IBGE não havia conseguido acompanhar e incorporar os avanços obtidos na configuração do termo negro para identificar as/os descendentes de africanas/os no Brasil, deveríamos assinalar na opção “A sua cor ou raça” a cor preta.

Creio que obtivemos algum avanço, pois a partir daí iniciou-se a agregação de “pretos e pardos” que passaram a ser considerados negros, em várias pesquisas. Não é o bastante, porém, temos que ter mente que existem inúmeras batalhas a serem vencidas. E dentre a que devemos fazer frente é a de questionarmos o IBGE por não contemplar nossa postura identitária sócio-historica-cultural como povo Negro.

Agora temos o Censo 2010 que está caminhando até novembro para recensear novamente a população brasileira, e dentre ela nos encontramos.

Na Amostra encontraremos o item “6.06 – A sua cor ou raça é:” (IBGE, p. 192, 2010). No questionário Básico o item que registra é “6.04 - A sua cor ou raça é:” (IBGE, p. 192, 2010).

A recomendação dada, neste item, às/aos recenseadoras/es é a seguinte: “Leia as opções de cor ou raça para a pessoa e registre aquela que for a declarada. Caso a declaração não corresponda a uma das alternativas enunciadas no quesito, releia as opções para que a pessoa se classifique na que julgar mais adequada. Em nenhum momento você deve influenciar a resposta da/o entrevistada/o (IBGE, p. 192, 2010)

Conforme o caso, registre:
1 – Branca - Para a pessoa que se declarar branca
2 – Preta - Para a pessoa que se declarar preta.
3 – Amarela - Para a pessoa que declarar de cor amarela (de origem oriental, japonesa, chinesa, coreana,
etc.).
4 – Parda - Para a pessoa que se declarar parda.
5 – Indígena - Para a pessoa que se declarar indígena ou índia.
Esta classificação se aplica tanto aos indígenas que vivem em terras indígenas como aos que vivem fora delas.

Como podemos observar não há nenhuma preocupação em explicitar quem são as pessoas pretas e muito quem são as pessoas “pardas” (que nas edições mais antigas do Aurélio trazia como verbete: pardo = Branco sujo).

No tocante às religiões de Origem Africanas, o item “6.12 – Qual é a sua religião ou culto”, a questão é muito mais de assunção de nossa identidade religiosa, pois poderemos declará-la com toda tranquilidade uma vez que o PGA (o computador de mão do/a recenseador/a) poderá registrá-la (IBGE, p.194, 2010).

A metodologia utilizada para a coleta de dados obedecerá às informações obtidas por meio de entrevista presencial feita pelo/a recenseador/a sendo as respostas registradas em um computador de mão ou preenchimento do questionário via internet (a ser utilizado em último caso).

Para a coleta de dados, será usado um dos modelos distintos de questionário:

Básico ou da Amostra, em todos os domicílios do Território Nacional (IBGE,p. 16, 2010).
Necessitamos entender a importância deste momento, nem todas/os nós seremos contempladas/os com o questionário de Amostra para podermos declarar nossa Religião, contudo, não podemos abdicar de declararmos nossa Cor ou nossa Raça.
Logo, deveremos voltar àquela estratégia que utilizamos outrora, ou seja, DECLARAR QUE SOMOS PRETAS/OS para garantirmos a manutenção e continuação de políticas públicas para a população negra.

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