19/04/2010

MULHER NEGRA CONCORRE VAGA NO CONSELHO CURADOR DA EBC

MULHER NEGRA CONCORRE VAGA NO CONSELHO CURADOR DA EBC.
A Empresa Brasil de Comunicação (EBC) realiza este ano a primeira
consulta pública para definir novos integrantes para seu Conselho
Curador. Criado em 2007, o conselho foi concebido com um instrumento
de participação da sociedade na gestão da comunicação pública, em
especial das emissoras de TV e rádio, agência de notícias e demais
veículos da EBC. A escolha dos integrantes do Conselho Curador por
meio de consulta pública é iniciativa que amplia de maneira
signficativa o diálogo com o movimento social e popular. Este processo
deliberativo ainda pode ser aprimorado, mas torna o conselho mais
democrático. Trata-se de uma oportunidade ímpar para debater as
demandas da população brasileira a serem efetivadas na política de
comunicação, com respeito à diversidade étnico-racial, gênero e a
pluralidade cultural.
Neste sentido, as comissões de Jornalistas pela Igualdade Racial
(Cojiras) e o Núclo e Jornalistas Afrodescendentes dos Rio Grande do
Sul apresentaram minha candidatura ao Conselho Curador da EBC,
acatada pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do
Sul e demais entidades do movimento social negro, feminista e de
democratização da comunicação. Entre elas, Movimento Negro Unificado,
Fórum de Nacional de Mulheres Negras, Articulação de Mulheres Negras
Brasileiras (AMNB), Intervozes e Articulação Mulher e Mídia.
Essa ampla rede de entidades acredita que a democratização da
informação passa pela concepção de que os meios de comunicação devem
primar pelo tratamento igualitário da notícia, sem reproduzir os
esteriótipos e quaisquer tipos de discriminação. Mulheres, homens,
negras, negros, indígenas, crianças, jovens, idosos, LGBTTs,
portadores de deficiências, pobres, ricos, personalidades e lideranças
políticas, comunitárias, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras
merecem VISIBILIDADE e respeito no trato da informação pelos veículos
de comunicação radiofônicos, televisivos, impressos e virtuais.
A gama desta especificidades precisa estar retratada no jornalismo
investigativo, de pesquisa, cultural, social, comunitário, meio
ambiente, policial; no entretenimento, nos programas humorísticos, de
auditórios, evitando o sensacionalismo e a banalização das pessoas. A
sociedade civil no Conselho Curador, além de banir práticas abusivas,
racistas, machistas nas grades da programação, deve ainda ser uma
impulsora de proposições de temas considerados historicamente tabus
como as relações afetivo-homossexuais, a discriminalização do aborto,
o uso na medicina de células-tronco, a exploração sexual de crianças e
adolescentes, o trabalho escravo, a liberdade de expressão a todas as
crenças religiosas. Estas temáticas devem ser abordadas sem o viés
moralista e repressor.
Outro aspecto importante a tratar seria o horário da veiculação de
programas, debates e entrevistas, de cunho didático, pedagógico,
exibidos na madrugada, cerceando a audiência de públicos alvos
específicos. Uma proposta a ser considerada pela sociedade civil no
Conselho Curador vislumbra a grade da programação voltada para o
público infanto-juvenil que interaja com a esta parcela da população
importante para elevar a auto-estima e a descoberta de talentos.
O Conselho Curador deve propor a participação dos profissionais da
Empresa Brasil de Comunicação na programação voltada para a questão
étnico-racial e de gênero, subsidiadas pelas entidades negras e de
mulheres. É necessário que a EBC cumpra as resoluções aprovadas pela I
Conferência Nacional de Comunicação, entre elas, a realização do Censo
Étnico-Racial e de Gênero, visando saber quantos profissionais negros
e negras fazem parte do quadro da EBC, em quais funções e destas quais
as instâncias de decisão como editorias, coordenações e chefias. É
fundamental garantir capacitação dos profissionais de comunicação no
tocante às relações étnico-raciais, além de participação dos
profissionais negros e negras nos editais de contratação produção de
conteúdo.
Neste sentido, acreditamos que a participação da mulher negra no
Conselho Curador é uma demonstração de que a EBC assume esta
responsabilidade que vem cumprindo e que possa avançar muito mais.
Nesta disputa, estão as companheiras Nilza Iraci, do Geledes e Ana Veloso, da Rede Feminista da Saúde.
As entidades que nos apoiaram, da minha parte, foram 10 instituições.
Ana Veloso liderou o número de apoios, com 12 entidades.
Agradecemos esta mobilização e com certeza a nossa presença FARÁ A DIFERENÇA.
Esperamos que o Presidente Lula tenha esta sensibilidade na escolha das três vagas que estão na disputa.

Asè
Jacira da Silva

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